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Projeto Volita

Disciplina: Intervenções em Processos Educativos

Discentes: Carolina A. S. Cordeiro, Cris Freitas, Julia Beatriz Souza, Kaliny Cordeiro, Luna Gomes, Maria Ravana, Mariely Souza, Matheus Andrade, Nara Dourado, Thaís Reis

Relatório de atividade prática - Projeto Volita Jovem

INTRODUÇÃO

O presente relatório apresenta as atividades realizadas no “Projeto Volita”, que foi a parte prática da disciplina de Intervenções em Processos Educativos, disciplina do 4º período do curso de graduação em Psicologia do Centro Universitário Estácio – Unimeta.

Identificação do projeto:

O “Projeto Volita” teve como intuito principal expandir o olhar de estudantes do ensino médio a respeito das escolhas presentes nessa etapa de sua vida escolar. Como essas tais escolhas e as mudanças trazidas por elas afetam sua saúde emocional, além de levá-los a compreender que esse processo não tem um único caminho e cada sujeito pode respeitar seu tempo e seu caminhar.

Os objetivos do projeto foram:

  •  Amenizar o impacto para oferecer uma adaptação melhorada na transição de etapas. (Saída do ensino médio para a vida adulta e ensino superior/mercado de trabalho)
  •  Evidenciar o desenvolvimento das múltiplas inteligências e habilidades sociais.
  • Modificar a visão da instituição, permitindo que ela compreenda o aluno como indivíduo, além de seu papel escolar.

A instituição escolar é um espaço primordial na construção social e científica de qualquer indivíduo, mas também pode e deve ser um espaço que acolhe e valoriza múltiplas manifestações culturais, criar significados para esses estudantes através do processo de internalização cultural com o meio gera um desenvolvimento mútuo que quebra uma “bolha” de um sistema maçante, como aponta Vygotsky.

O tema discute as relações entre a juventude e a escola, problematizando o lugar que a escola ocupa na socialização e na preparação da juventude.

Para a escola e seus profissionais, o problema, se situa nos alunos, na irresponsabilidade daqueles que não se destacam e não se identificam com o que é passado, ou seja, tem gerado um desinteresse escolar.

Já para os jovens, a escola se mostra distante dos seus interesses, reduzida a um cotidiano cansativo, com professores que pouco acrescentam à sua formação, tornando cada vez mais uma obrigação do jovem ser somente um bom aluno conforme a grade curricular demanda. Assim, nosso pensamento é que a escola não auxilia o jovem em sua descoberta como indivíduo que vai além dos muros escolares, onde o Ser é mais complexo, e não se resume a se identificar com carreiras ou fazendo o que a maioria da sociedade já faz, tendo em vista, que cada um tem seu tempo e amadurecimento.

Acreditamos que que a escola de hoje não incentiva na criatividade dos jovens de forma adequada. O olhar para a juventude que ainda está dentro da escola precisa ser ampliado e a escola necessita auxiliar, acolher e ajudá-los na sua descoberta como indivíduo que vai além de carreira e trabalho.

É evidente a ansiedade dos jovens por entrar rapidamente no mercado profissional. Percebe-se que grande parte deles deseja encontrar um emprego antes de terminar o ensino médio. Mas, segundo uma avaliação da coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita, Regina Scarpa, o modelo de ensino oferecido pelas escolas não corresponde a essas expectativas e, por isso, muitos estudantes optam por parar de estudar para poderem trabalhar.

Mas o que exatamente está errado com nosso sistema de ensino? Quais são os erros cometidos pelas instituições que deveriam justamente abrir possibilidades e caminhos e estimular o pensamento crítico e a autonomia?

Pensamento crítico e independente, as relações interpessoais, a pro atividade e a curiosidade são completamente desestimuladas. “Abram seus livros na página 44”, “Terminem o exercício até o final da aula”, “A resposta está errada”, “Joana tirou 10 porque se comportou”, “Mateus decorou a tabuada e passou na prova”. Em uma sala de aula tradicional, o aluno é completamente desprovido de autonomia e controle sobre sua rotina. Sua experiência é ditada

pelas disciplinas, pelo sinal, pelo relógio e pelos códigos de conduta próprios desse ambiente.

Todos sabemos que grande parte do sucesso em nossa vida adulta se deve à capacidade de priorizar tarefas, organizar compromissos e fazer a gestão do tempo que temos disponível. A habilidade de tomar decisões, por exemplo, é fundamental na condução de nossos interesses e afazeres.

Porém na escola, nenhuma dessas habilidades é ensinada, treinada ou sequer estimulada. Os estudantes têm horários e cronogramas fixos a despeito de suas preferências, de suas ideias, e de seu ritmo de aprendizagem.

No modelo educacional que vemos nas escolas hoje, cada criança e jovem é obrigado a memorizar o mesmo conteúdo, ao mesmo tempo, na mesma proporção que todas as outras. Há uma padronização não só de pensamento e comportamento, mas também de conhecimento, do que é considerado válido e do que não é.

Essa lógica contradiz o fato mais básico a respeito do ser humano: cada um de nós é único, tem necessidades diferentes e nutre interesses e curiosidades específicos.

Procedendo dessa forma, o sistema de ensino boicota o potencial de milhões de estudantes por ano e faz com que eles ignorem questionamentos importantes como:

  • No que eu sou bom/boa?
  • O que amo fazer?
  • O que quero fazer?

RELATO DAS ATIVIDADES

Procedimentos metodológicos:

Visando valorizar as vozes únicas de cada estudante, suas dificuldades, suas opiniões e seus sentimentos, o projeto pretendia organizar uma série de encontros com alunos de uma escola pública selecionada previamente. Esses encontros seriam com periodicidade quinzenal em um espaço disponibilizado pela instituição de ensino. Seriam abordados nas discussões questões relacionadas ao autoconhecimento, autenticidade e respeito pessoal. Por exemplo: "O que você realmente deseja/imagina ser? Desconsiderando o senso comum, como: carreira e profissão pelo retorno financeiro"; "Você se sente genuíno quanto ao seu desejo ou percebe algum tipo de influência do meio exterior?"; "Você considera que tem respeitado o seu tempo e processo?". Na abertura de cada encontro, os alunos seriam questionados a respeito de seus pensamentos e sentimentos quanto ao processo inicial da reunião. Exemplo: "Como você sente nesse momento em relação a esse encontro?". Ao encerramento, seriam distribuídos formulários com as mesmas perguntas do encontro, a fim de permitir que os alunos pudessem se expressar livremente, além de armazenar consigo as informações contidas.

Para estimular a participação, assim como trazer um elemento gráfico mais atraente para apresentação do projeto, foi elaborado o panfleto apresentado a seguir:

Entretanto, devido a algumas dificuldades trazidas pelo período de pandemia, aliado ao pouco tempo para aplicação dos encontros quinzenais, optou-se por alterar a forma de aplicação da atividade. Sendo assim, foram selecionados 4 alunos voluntários do ensino médio da rede pública de ensino, com idades entre 17 e 18 anos, sendo 2 meninos e 2 meninas. Primeiramente houve uma conversa com eles explicando o objetivo do projeto e eles tiveram a liberdade de fazer questionamentos e tirar dúvidas. Em seguida, a esses alunos foi encaminhado o panfleto do projeto, bem como o link para um questionário online contendo 5 perguntas relacionadas ao tema e objetivo do projeto. As perguntas eram abertas e não havia limite de tamanho para as respostas, podendo os estudantes se sentirem livres para discorrer o quanto achassem necessário. Vale salientar que as respostas foram registradas de forma anônima, respeitando a privacidade e anonimato dos alunos participantes. Neste relatório os participantes estão identificados como A, B, C e D.

As perguntas do questionário eram:

1 - Você se sente pressionado (a) pela sociedade, escola e familiares sobre seu futuro?

2 -Você sente que tem respeitado o seu tempo e processo?

3 - O sistema de ensino que você presencia hoje corresponde às suas expectativas para o seu futuro? Você mudaria algo e por que?

4 - Como você se sente quando te perguntam se você já escolheu um curso da faculdade?

5 - O que você realmente imagina/deseja ser? Você se sente autêntico quanto ao seu desejo ou percebe algum tipo de influência do meio exterior?
Resultados alcançados
Após identificar e selecionar os alunos que desejavam participar do projeto, como foi descrito anteriormente, os participantes tiveram 2 dias para
responder o questionário online. Seguem as respostas dadas pelos alunos A, B, C e D:

1 - Você se sente pressionado (a) pela sociedade, escola e familiares sobre seu futuro? A. de certo modo sim! B. sim, acredito que desde cedo (principalmente nossa geração) é muito pressionada pela sociedade e pela família a arrumar um “futuro” toda essa pressão é imensurável C. não, eu mesma me pressiono por querer sucesso com meus sonhos D. sim, sempre me senti pressionado mesmo não sendo "explícito", sentia isso pela situação de nenhum dos meus pais serem formados ou terem seguido a profissão que queriam.

2 -Você sente que tem respeitado o seu tempo e processo? A. sim, respeito o meu espaço e penso muita nas minhas escolhas. B. não, não respeito meu tempo. Tanto que quero tudo logo, e quando vejo que não to conseguindo me sinto frustrada, pois, novamente, a pressão constante da sociedade faz pensar que tô sendo inútil C. sim D. sim, mas certas situações familiares me obrigaram a acelerar esse processo e assumir responsabilidades desde cedo. Como trabalhar e estudar pra querer ser independente dos pais e me sustentar

3 - O sistema de ensino que você presencia hoje corresponde às suas expectativas para o seu futuro? Você mudaria algo e por que? A. não. mudaria muitas coisas simplesmente pelo fato de não tá sendo tão eficaz na forma de aprendizado, justo pelo que vivenciamos nessa pandemia. como, ainda estamos no processo de volta às aulas presenciais e alguns não estão podendo participar eu focaria em mais vídeos aulas e em menos atividades.

B. Não, o sistema de ensino é falho, falta bastante preparo profissional. A maioria dos professores devia ter em mente que o aluno não é sua nota, priorizar o conteúdo ao invés de nota, uma nota não define ninguém, no entanto, não é isso que percebe-se no atual cenário escolar C. não, aula online não vem me ajudando em nada. D. Corresponde minhas expectativas, mas claro que poderia ser tudo melhor. Infelizmente o nosso Estado não pode prover tais estruturas acadêmicas, e apesar do momento que estamos passando, até que está bem encaminhado. Eu mudaria a idéia de aprendizado, hoje em dia os estudantes não são incentivados a despertar sua criatividade e acabam não destacando seus talentos por não terem oportunidade de explorar os mesmos.

4 - Como você se sente quando te perguntam se você já escolheu um curso da faculdade? A. é uma pergunta frequente, me sinto desconfortável nas maiorias das vezes, mas relevo. B. na realidade, já escolhi o curso que quero, não gosto que me perguntem pois sei que demanda muito de mim conseguir esse curso, mto esforço, novamente, me pressiono C. confusa D. Mais novo já tinha escolhido, mas quando mais pesquisei sobre o que ia cursar, e sobre o mercado estar "saturado" e todas as dificuldades claro, fiquei com muitas dúvidas. Então explorei novos caminhos, e tenho outro curso que penso em me formar e que eu gosto também.

5 - O que você realmente imagina/deseja ser? Você se sente autêntico quanto ao seu desejo ou percebe algum tipo de influência do meio exterior? A. meio termo entre fazer medicina ou psicologia. mas, eu posso fazer os dois. os dois B. quero ser médica, me sinto autêntica, pensei muito sobre isso. Atualmente é a profissão que imagino exercer

C. direito ou medicina, sinto que encaixo nos dois. D. Eu sempre quis ajudar as pessoas de alguma forma, só não sabia como. então quando olho para as pessoas em minha volta como familiares, ou o Brasil em geral vejo as dificuldades que todos tem; então quero ajudar/ensinar seja financeiramente ou psicologicamente, como lidar com seus problemas. (não, não quero ser Coach) e não me sinto influenciando por ninguém, meus pais nunca me mandaram seguir um caminho ou profissão. Penso em ser educador financeiro e/ou psicólogo porque são o que mais me identifico atualmente.

CONCLUSÃO

Analisando as respostas dadas pelos 4 alunos participantes do projeto foi possível perceber que as falas deles se repetem bastante, o que chamou bastante nossa atenção, pois os alunos não tiveram contato entre si e responderam seus questionários individualmente. Esse certo “padrão” de resposta leva a crer que nessa faixa etária os adolescentes estão vivenciando um processo muito parecido em relação às escolhas que irão afetar seu futuro profissional, talvez pela existência de reforçadores sociais que ajudam a manter esse um pensamento comum enraizado.

Foi possível identificar o discurso da escolha de sua profissão como sendo uma busca por algo que seja interessante financeiramente e não como uma forma de alcançar seus potenciais e encontrar a verdadeira vocação. Com exceção da resposta do aluno D à pergunta 5, na qual ele coloca que se identifica com a profissão “escolhida” – educador ou psicólogo – e que diz que “Eu sempre quis ajudar as pessoas de alguma forma”, os demais alunos focaram muito na pressão dos pais e na pressão que eles próprios tem sobre escolher o caminho mais bem aceito pela sociedade. Percebe-se, ainda, que eles demonstram insegurança quanto à essa escolha, pois na questão 4 usam os termos “desconfortável”, “confusa”, “dúvidas”, quando lhes perguntam se já escolheram o curso da faculdade.

Chama a atenção o fato de que todos mencionam o desejo de ver mudanças no sistema de ensino, tirando o foco do conteúdo e das notas e valorizando o aprendizado, a criatividade dos alunos e o desenvolvimento dos talentos naturais. O que demonstra a necessidade de estarmos sempre olhando criticamente para nosso sistema educacional, buscando melhorias e maior adequação, de forma a beneficiar cada vez mais os alunos e seus resultados alcançados. Afinal, a escola é a base para todas as profissões e para o futuro de toda a sociedade.


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